sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Terapia com células-tronco reverte diabetes tipo 1 no Brasil

Um estudo brasileiro inédito revela que o pâncreas de diabéticos tipo 1 está voltando a funcionar após o transplante de células-tronco do próprio paciente, livrando-o da necessidade de insulina. 
Os resultados da pesquisa, que acompanha 23 voluntários há mais de quatro anos, estão publicados na edição de hoje do "Jama" (jornal da Associação Médica Americana).

Diabéticos tipo 1 está voltando a funcionar após o transplante de células-tronco do próprio paciente, livrando-o da necessidade de insulina..

Os autores constataram, pela primeira vez no mundo, que os níveis do peptídeo-C, uma espécie de marcador do funcionamento das células produtoras de insulina, aumentaram nos pacientes submetidos à terapia.

Essa substância é um dos resíduos da produção do hormônio pelas células beta do pâncreas. Ou seja, quanto maiores suas taxas, maior a produção de insulina e menor o risco de complicações associadas ao diabetes, como amputações.

"O nível dele não só deixou de cair como aumentou", comemora o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da USP de Ribeirão Preto, e um dos autores do estudo. "Isso significa que o pâncreas está voltando a funcionar", explica ele. "Esses pacientes produzem mais insulina do que quando chegaram até nós."

A maioria dos voluntários deixou de usar hormônio sintético há mais de três anos, em média, com bom controle da glicemia. "Temos pacientes livres há quatro anos e oito meses, com excelente qualidade de vida, sem picos de hipoglicemia", diz Couri.

Oito deles precisaram voltar a tomar o hormônio sintético, mas em doses muito baixas. "Por isso não dá para afirmar que os benefícios sejam permanentes", avalia o imunologista Júlio Voltarelli, um dos líderes do estudo.

Mas mesmo nesses pacientes os níveis do peptídeo-C estão aumentados, mostrando que o pâncreas está funcionando melhor também nessas pessoas, apesar de não produzir todo o hormônio de que necessitam. "Eles provavelmente terão uma melhor evolução da doença", acredita Júlio Voltarelli.

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, em que o próprio sistema de defesa do corpo passa a atacar o pâncreas. A terapia com células-tronco, ao que parece, consegue combater essa falha imunológica, mas não recupera as áreas destruídas da glândula. Daí a necessidade de aplicá-la em pessoas recém-diagnosticadas.

Medicamento

Outro resultado inédito apontado pelos autores foi o efeito da droga sitagliptina, indicada para diabéticos tipo 2, em dois dos pacientes que voltaram a precisar da insulina. Com dois meses de medicação, eles ficaram livres do hormônio sintético. A droga estimula a secreção de insulina pelo organismo. Hoje tais pacientes controlam a glicemia tomando esse remédio uma vez ao dia.

Em 2007, com a publicação dos primeiros dados do transplante de célula-tronco, o trabalho recebeu duras críticas da comunidade científica internacional, que atribuiu os bons resultados a um período conhecido como lua de mel, em que mudanças na dieta e exercícios, aliados ao acompanhamento médico, seriam os responsáveis pelos benefícios.

"Hoje não há dúvidas de que não se trata de lua de mel", diz Couri, lembrando que o primeiro artigo sobre a pesquisa publicado no Jama levou um ano para ser aceito -a aceitação desse último levou dois meses. Para Voltarelli, ainda não se pode falar em cura do diabetes. "Mas talvez estejamos trilhando o caminho para isso."




Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tratamento contra lupus recebe aprovação nos EUA

Órgão do governo americano autorizou o lançamento do remédio Benlysta


Um comitê de assessores da agência de controle de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) recomendou a comercialização do primeiro tratamento contra o lupus em 52 anos
Por 13 votos a dois, um painel de especialistas recomendou à FDA autorizar o lançamento do Benlysta, um tratamento experimental para o lupus desenvolvido pelos laboratórios Human Genome Sciences e GlaxoSmithKline, revelou a porta-voz do órgão Erica Jefferson, nesta terça-feira (16). A FDA segue geralmente as recomendações do comitê.
O lupus é provocado pelo ataque do sistema imunológico contra órgãos do próprio corpo, ocorrendo com mais frequência em mulheres em idade fértil.
Normalmente se manifesta por dor articular intensa, lesões na pele e problemas renais, podendo, inclusive, afetar órgãos como cérebro e coração.
A Lupus Foundation of America saudou a decisão, qualificando-a como "histórica", segundo Sandra Raymond, presidente e diretora da fundação .
- Todos trabalhamos há décadas para superar muitos desafios e desenvolver novas terapias para tratar esta enfermidade difícil.
Ao menos 1,5 milhão de pessoas nos Estados Unidos sofrem de lupus, e 5% enfrentam uma forma potencialmente letal da doença, que resiste ao tratamento padrão.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Biólogo brasileiro "cura" célula autista com droga experimental

Em estudo publicado nesta sexta-feira, o brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, descreve como "curou" um punhado de células defeituosas com uma droga experimental.

Ao recriar neurônios a partir de células retiradas da pele de crianças com uma síndrome de autismo genética, Muotri identificou características da doença independentes do sintoma comportamental, observando as células vivas em microscópios.
"Isso sugere que a técnica tem um potencial de diagnóstico", diz. "É a primeira descrição de um modelo humano que recapitula uma doença psiquiátrica." 
O biólogo é cauteloso, porém, quando questionado sobre se seu trabalho é a descoberta de um tratamento para o autismo. A droga usada no experimento, a IGF-1, altera os níveis de insulina no organismo, e pode levar a uma série de efeitos colaterais indesejados caso seja administrada no sistema nervoso de pessoas normais. 
Mesmo que a descoberta de um medicamento adequado possa levar décadas, Muotri se diz otimista. Ele está elaborando testes com uma série de outras drogas em um sistema robótico de experimentação, como o que empresas farmacêuticas usam.

"Não acho que uma droga conseguiria consertar tudo, no caso de alguém que tenha desenvolvido um problema de cognição e memória mais profundo. Mas mostramos que é possível reverter o estado desses neurônios em grande medida." As descobertas ganharam a capa da prestigiosa revista "Cell". 






Fonte: Folha.com